domingo, 11 de julho de 2010

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2 - A CRISE DE 1929

A GRANDE DEPRESSÃO, também chamada por vezes de Crise de 1929, foi uma grande depressão econômica que teve início em 1929, e que persistiu ao longo da década de 1930, terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial. A Grande Depressão é considerada o pior e o mais longo período de recessão econômica do século XX. Este período de depressão econômica causou altas taxas de desemprego, quedas drásticas do produto interno bruto de diversos países, bem como quedas drásticas na produção industrial, preços de ações, e em praticamente todo medidor de atividade econômica, em diversos países no mundo.
O dia 24 de outubro de 1929 é considerado popularmente o início da Grande Depressão, mas a produção industrial americana já havia começado a cair a partir de julho do mesmo ano, causando um período de leve recessão econômica que se estendeu até 24 de outubro, quando valores de ações na bolsa de valores de Nova Iorque, a New York Stock Exchange, caíram drasticamente, desencadeando a Quinta-Feira Negra. Assim, milhares de acionistas perderam, literalmente da noite para o dia, grandes somas em dinheiro. Muitos perderam tudo o que tinham. Essa quebra na bolsa de valores de Nova Iorque piorou drasticamente os efeitos da recessão já existente, causando grande inflação e queda nas taxas de venda de produtos, que por sua vez obrigaram o fechamento de inúmeras empresas comerciais e industriais, elevando assim drasticamente as taxas de desemprego. O colapso continuou na Segunda-feira negra (o dia 28 de outubro) e Terça-feira negra (o dia 29). Os efeitos da Grande Depressão foram sentidos no mundo inteiro. Estes efeitos, bem como sua intensidade, variaram de país a país. Outros países, além dos Estados Unidos, que foram duramente atingidos pela Grande Depressão foram a Alemanha, Holanda, Austrália, França, Itália, o Reino Unido e, especialmente, o Canadá. Porém, em certos países pouco industrializados naquela época, como a Argentina e o Brasil (que não conseguiu vender o café que tinha para outros países), a Grande Depressão acelerou o processo de industrialização. Praticamente não houve nenhum abalo na União Soviética, que tratando-se de uma economia socialista, estava econômica e politicamente fechada para o mundo capitalista. Os efeitos negativos da Grande Depressão atingiram seu ápice nos Estados Unidos em 1933. Neste ano, o Presidente americano Franklin Delano Roosevelt aprovou uma série de medidas conhecidas como New Deal.
Essas políticas econômicas, adotadas quase simultaneamente por Roosevelt nos Estados Unidos e por Hjalmar Schacht na Alemanha foram, três anos mais tarde, racionalizadas por Keynes em sua obra clássica. O New Deal, juntamente com programas de ajuda social realizados por todos os estados americanos, ajudou a minimizar os efeitos da Depressão a partir de 1933. A maioria dos países atingidos pela Grande Depressão passaram a recuperar-se economicamente a partir de então. Em alguns países, a Grande Depressão foi um dos fatores primários que ajudaram a ascensão de regimes de extrema-direita, como os nazistas comandados por Adolf Hitler na Alemanha. O início da Segunda Guerra Mundial terminou com qualquer efeito remanescente da Grande Depressão nos principais países atingidos.

Causas da Grande Depressão - Com o fim da Primeira Guerra Mundial, os países europeus encontravam-se devastados, com a economia enfraquecida e com forte retração de consumo, que abalou a economia mundial.
Os Estados Unidos por sua vez, lucraram com a exportação de alimentos e produtos industrializados aos países aliados no período pós-guerra. Como resultado disso, entre 1918 e 1928 a produção norte-americana cresceu de forma estupenda. A prosperidade econômica gerou o chamado "american way of life" (modo de vida americano). Havia emprego, os preços caíam, a agricultura produzia muito e o consumo era incentivado pela expansão do crédito e pelo parcelamento do pagamento de mercadorias. Porém, a economia europeia posteriormente se restabeleceu e passou a importar cada vez menos dos Estados Unidos. Com a retração do consumo na Europa, as indústrias norte-americanas não tinham mais para quem vender. Havia mais mercadorias que consumidores, ou seja, a oferta era maior que a demanda; consequentemente os preços caíram, a produção diminuiu e logo o desemprego aumentou. A queda dos lucros, a retração geral da produção industrial e a paralisação do comércio resultou na queda das ações da bolsa de valores e mais tarde na quebra da bolsa.
Portanto, a crise de 1929 foi uma crise de superprodução. Durante décadas, essa foi a teoria mais aceita para a causa da Grande Depressão, porém, em contrapartida, economistas, historiadores e cientistas políticos tem criado diversas outras teorias para a causa, ou causas, da Grande Depressão, com surpreendente pouco consenso, permanece como um dos eventos mais estudados da história da economia mundial.
Teorias primárias incluem a quebra da bolsa de valores de 1929, a decisão de Winston Churchill em fazer com que o Reino Unido passasse a usar novamente o padrão-ouro em 1925, que causou massiva deflação ao longo do Império Britânico, o colapso do comércio internacional, a aprovação do Ato da Tarifa Smoot-Hawley, que aumentou os impostos de cerca de 20 mil produtos no país, a política da Reserva Federal dos Estados Unidos da América, e outras influências.
Segundo teorias baseadas na economia capitalista concentram-se no relacionamento entre produção, consumo e crédito, estudado pela macroeconomia, e em incentivos e decisões pessoais, estudado pela microeconomia. Estas teorias são feitas para ordenar a sequência dos eventos que causaram eventualmente a implosão do sistema monetário do mundo industrializado e suas relações de comércio.
Outras teorias heterodoxas sobre a Grande Depressão foram criadas, e gradualmente estas teorias passaram a ganhar credibilidade. Estas teorias incluem a teoria da atividade de longo ciclo e que a Grande Depressão foi um período na intersecção da crista de diversos longos e concorrentes ciclos. Mais recentemente, uma das teorias mais aceitas entre economistas é que a Grande Depressão não foi causada primariamente pela quebra das bolsas de valores de 1929, alegando que diversos sinais na economia americana, nos meses, e mesmo anos, que precederam à Grande Depressão, já indicavam que esta Depressão já estava a caminho nos Estados Unidos e na Europa.
Atualmente, a teoria mais em voga entre os economistas é de Peter Temin. Segundo Temin, a Grande Depressão foi causada por política monetária catastroficamente mal planejada pela Reserva Monetária dos Estados Unidos da América, nos anos que precederam a Grande Depressão. A política de reduzir as reservas monetárias foi uma tentativa de reduzir uma suposta inflação, o que de fato somente agravou o principal problema na economia americana à época, que não era a inflação e sim a deflação.
Um outro aspecto que vem sendo apontado como uma das possíveis causas da Grande Depressão nos anos 1930 é o da superprodução, causada pelos grandes ganhos de produtividade industrial, obtidos com os benefícios tecnológicos do taylorismo.
Tanto Ford quanto Keynes já vinham há tempos alertando, sem serem ouvidos, que "a aceleração dos ganhos de produtividade provocada pela revolução taylorista levaria a uma gigantesca crise de superprodução se não fosse encontrada uma contrapartida em uma revolução paralela do lado da demanda", que permitisse a redistribuição dos ganhos de produtividade causados pelo taylorismo, de forma que houvesse redistribuição dessa nova renda gerada, para dirigí-la ao consumo. Para os que defendem esta tese a Grande Depressão dos anos 1930 foi causada por uma gigantesca crise de superprodução, naquilo que teria sido uma trágica confirmação daquelas previsões.
Após o fim da Grande Depressão, muitos dos países mais severamente atingidos passaram a fornecer maior assistência social e econômica aos necessitados. Por exemplo, o New Deal dava ao governo americano maior poder para fornecer esta ajuda para estes necessitados e também para aposentados.
A Grande Depressão gerou grandes mudanças na política econômica em vários dos países envolvidos. Anteriormente à Grande Depressão, por exemplo, o governo dos Estados Unidos da América pouco intervinha na economia do país. Executivos financeiros e grandes magnatas comerciantes eram vistos como líderes nacionais.
A Grande Depressão, porém, mudou as atitudes de diversas pessoas em relação ao comércio.
Muitos passaram a favorecer maior controle da economia do país por parte do governo. Outros grupos, mais extremistas, favoreciam a instalação de um regime comunista, nazista ou fascista de governo, como solução para a crise, ou seja, governos fortes e autoritários como o foram o de Getúlio Vargas no Brasil e Salazar em Portugal, os governos de forma geral procuravam corrigir as distorções do capitalismo, alinhavadas em suas obras, por Karl Marx, e solucionadas matematicamente ou econometricamente, em suas obras, por Keynes (com políticas de intervenção na economia, tratando-a como um todo matricial - sistêmico, sujeita a correções constantes, dentro de necessárias políticas de desenvolvimento integrado).

O New Deal - (cuja tradução literal em português seria "novo acordo" ou "novo trato") foi o nome dado à série de programas implementados nos Estados Unidos entre 1933 e 1937, sob o governo do Presidente Franklin Delano Roosevelt, com o objetivo de recuperar e reformar a economia norte-americana, e assistir aos prejudicados pela Grande Depressão.
O nome dessa série de programas foi inspirado no Square Deal, nome dado pelo anterior Presidente Theodore Roosevelt à sua política econômica.
o investimento maciço em obras públicas:o governo investiu 4 bilhões de dólares na construção de usinas hidrelétricas, barragens, pontes, hospitais, escolas, aeroporto etc.Tais obras geraram milhões de novos empregos; a destruiçao dos estoques de gêneros agícolas, como algodão, trigo e milho, a fim de conter a queda de seus preços; o controle sobre os preços e a produçao, para evitar a superprodução na agricultura e na indústria; a diminuição da jornada de trabalho, com o objetivo de abrir novos postos. Além disso, fixou-se o salário mínimo, criaram-se o seguro-desempreo e o seguro-velhice(para os maiores de 65 anos).
Para se entender corretamente o New Deal é importante ter em mente que na década de 1930 os Estados Unidos atravessaram um período em que um grande número de norteamericanos viveram na absoluta pobreza, desesperadamente necessitando mais alimentos, roupas e abrigos.
Paradoxalmente, os recursos produtivos (fazendas, fábricas, máquinas, mão de obra) que poderiam prover estes alimentos, roupas e abrigos estavam paralisados,; não produziam nada.
Como resultado do New Deal foram criadas nos Estados Unidos dezenas de agências federais (equivalentes às autarquias, no direito administrativo brasileiro), as quais receberam o apelido irônico de alphabet agencies (agências alfabéticas), devido à profusão das siglas com que eram designadas: CCC (Civilian Conservation Corps), TVA (Tennessee Valley Authority), AAA (Agricultural Adjustment Administration), PWA (Public Works Administration), FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation), SEC (Securities and Exchange Commission), CWA (Civil Works Administration), SSB (Social Security Board), WPA (Works Progress Administration), NLRB (National Labor Relations Board).
Embora não fosse propriamente um projeto coerente de reformas políticas, econômicas e sociais, as políticas implementadas por Franklin D. Roosevelt em resposta à Grande Depressão lançaram as bases do estado keynesiano e do poder sindical nos Estados Unidos.
O New Deal pode ser dividido em quatro dimensões: a relativa a reformas econômicas e à regulação de setores da economia, a que se ocupou das medidas emergenciais, a que diz respeito a transformações culturais, e uma nova pactuação política entre o Estado e atores sociais o que formou a chamada coalizão do New Deal.
Em seus primeiros 100 dias, o New Deal implementou reformas setoriais na economia americana para criar as condições para a formação de poupança interna e recuperar a rentabilidade dos investimentos.
Foram implementadas medidas para sanear o sistema financeiro, com o Emergency Banking Act, para regular a produção agrícola, com o Agricultural Adjustment Act (AAA), e para evitar a perda da hipoteca das casas próprias, com o Home Owners’ Refinancing Act.
O New Deal teve grande influência na política econômica e social adotada no Brasil pelo Presidente Getúlio Vargas, que admirava Franklin D. Roosevelt, e vice versa: “Despeço-me esta noite com grande tristeza. Há algo, no entanto, que devo sempre lembrar. Duas pessoas inventaram o New Deal: o Presidente do Brasil e o Presidente dos Estados Unidos. —Franklin Delano Roosevelt, 27 de novembro de 1936.”
Tanto Ford quanto Keynes já haviam previsto que "a aceleração dos ganhos de produtividade provocada pela revolução taylorista levaria a uma gigantesca crise de superprodução se não fosse encontrada uma contrapartida em uma revolução paralela do lado da demanda", que permitisse a redistribuição da renda para aumentar o consumo.
A Grande Depressão dos anos 1930 tornou-se uma gigantesca crise de superprodução, numa trágica confirmação daquelas previsões.
"Com o New Deal, portanto, iniciou-se a tensa construção do pacto entre Estado, trabalho organizado e capital, ou regulação fordista keynesiana do capitalismo que, no pós-guerra, fundamentaria o peculiar Estado de Bem-Estar americano e o longo período de prosperidade que se estenderia até fins dos anos 1960.".
"A regulação fordista keynesiana baseava-se em um pacto segundo o qual o Estado assumia papéis keynesianos, de forma a tornar-se um demandador da indústria privada e um fornecedor de salários indiretos, com o objetivo de universalizar o consumo; o capital repassava ganhos de produtividade do trabalho aos salários (relação salarial fordista), buscando assim assegurar a estabilidade do sistema e, por fim, os sindicatos aceitavam a ordem capitalista, em troca de sua incorporação ao mundo do consumo".
Essas políticas econômicas, ate então inusitadas, foram adotadas quase simultaneamente por Franklin D. Roosevelt nos Estados Unidos e por Hjalmar Schacht na Alemanha e foram - cerca três anos mais tarde - racionalizadas por Keynes em sua obra clássica Teoria geral do emprego, do juro e da moeda. que solucionou matematicamente ou econometricamente, em suas obras, a teoria das políticas de intervenção na economia, tratando-a como um todo matricial - sistêmico, sujeita a correções constantes, dentro de necessárias políticas de desenvolvimento integrado.

ATIVIDADES
QUESTÃO 01 - Leia o texto - A Bolsa de Valores de Nova York sofreu a maior crise de sua história, causando a ruína de muitos investidores americanos, que ganhavam fortunas da noite para o dia. Em apenas um dia, US$15 bilhões de dólares em ações desapareceram como fumaça. Após a guerra, a Bolsa de Valores começou a dar lucros fáceis e rápidos, atraindo trabalhadores comuns e investidores... Jornal do Brasil, 19 nov.2000. Jornal do Século, 1929.
A crise descrita nesse texto só NÃO pode ser associada
a) ao desequilíbrio entre o crescimento da produção e a contração do mercado consumidor.
b) à escassez de produtos no mercado, provocando a elevação dos preços e das ações.
c) à retração do mercado externo, conseqüência da reorganização da economia de pós guerra.
d) ao desequilíbrio da oferta de mão-de-obra, resultante da modernização tecnológica .

QUESTÃO 02 - A expressão americana american way of life está ligada:
a) ao avanço capitalista norte-americano no início do século XX
b) à expansão territorial dos estados unidos no final do século XIX
c) ao interesse inglês de fazer sua língua a predominante no planeta
d) à proposição de que os norte-americanos ditavam as regras no mercado de consumo

QUESTÃO 03 - A política adotada por Roosevelt em 1932 denominada de New Deal pode ser entendida como contraditória dentro do Liberalismo porque
a) propunha a intervenção estatal na economia
c) estabelecia a continuidade da produção industrial
b) previa um avanço econômico nos anos seguintes
d) implementava uma forma original de liberalizar a economia

QUESTÃO 04 - Leia o texto e responda - “As ruínas são ainda visíveis, e são terrificantes. Logo no porto de Nova Iorque o viajante fica surpreendido, chocado pela calma trágica dum lugar que conheceu o mais ativo do mundo... Há neste momento nos Estados Unidos cerca de 14 milhões de desempregados, e, como muitos deles têm famílias, 20 a 30 milhões de homens e mulheres vivem de esmolas, privadas ou públicas... O espetáculo de uma grande nação de que um quarto se encontra reduzido à impotência produz emoções bem mais fortes do que uma estatística a preto e branco. Desde que põe pé neste país, o estrangeiro compreende de repente que em nenhum momento a Europa imaginou a dolorosa intensidade da depressão dos Estados Unidos.” MAUROIS, André. Estaleiros Americanos.
De acordo com o texto o que assombra o europeu em visita a Nova Iorque?

QUESTÃO 05 - A crise capitalista de 1929 foi, de fato, uma crise de superprodução. Justifique a afirmativa.

O texto abaixo deve servir como referência para responder às questões 06 e 07 - “Os turbulentos jovens nazistas da Alemanha são os guardiães da Europa contra o perigo comunista(...). A Alemanha precisa de campo livre de ação(...). O escoamento das reservas de energia da Alemanha na Rússia poderia ajudar o povo russo a restaurar uma existência civilizada, e talvez inverter a tendência do comércio mundial, em favor da prosperidade. Pelo mesmo processo, a necessidade de expansão da Alemanha seria satisfeita, e essa crescente ameaça que escurece o horizonte seria removida para sempre”. Rotheimer, no Daily Mail, de 28 de novembro de 1933.

QUESTÃO 06 - Qual o papel da Alemanha?

QUESTÃO 07 - De acordo com a imprensa capitalista de onde vinha a grande ameaça?

Leia o texto e responda as questões 08 e 09 - Os cafeicultores foram os mais afetados do Brasil, com a quebra da bolsa de Nova York (...) Com o caos da Bolsa e mais uma safra recorde de café em estoque, o preço do produto despencou no mercado internacional. “tem-se a impressão de um terremoto ou de um furacão pela enormidade dos prejuízos,” comentou o jornalista Barbosa Lima sobrinho. Jornal do Brasil, 19 nov. 2000, Jornal do Século, 1929.

QUESTÃO 08 - A crise dos EUA é a crise de quase todos os países do mundo. EXPLIQUE essa afirmativa.

QUESTÃO 09 - EXPLIQUE o comentário do jornalista Barbosa Lima Sobrinho, considerando a crise do café, no Brasil.

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