domingo, 11 de julho de 2010

Populismo e ditadura militar no Brasil e na América Latina

O populismo
O populismo surge como forma de governo na Rússia para defender os russos do capitalismo e aparece na América Latina aliada aos capitalistas servindo de passaporte para a construção de ditaduras, como a getulista no Brasil que perdurou 15 anos graças à grande identidade que a população teve com seu líder, que inteligentemente se apoderou desta ligação para construir seu governo. Percebe-se que do outro lado, os latifundiários e industriais tiveram muitas vantagens durante o período populista de Vargas, talvez aí, estaria a grande vantagem de Getúlio estar jogando por dois lados, criando vantagens e cedendo aos dois lados, os ricos e os pobres.
Ao entender como se dá o “populismo” pode-se compreender o porquê da busca de lideres por esta forma de governar, percebendo que não é um bom coração destes políticos que impera em uma administração publica populista, pelo contrario, muitas vezes este sistema chega ser perverso, autoritário e repressor.
Outro ponto a se buscar é o inicio do populismo no Brasil, a ascensão de Getúlio Vargas, uma ditadura de quinze anos, a queda getulista, Vargas voltando ao poder nos braços do povo e o suicídio, os presidentes democratas populistas (Juscelino, Jango), e o golpe militar.
“Populismo é uma forma de governar baseada nas massas, onde o governante exerce uma influência muito grande sobre o povo e utiliza isso para obter apoio popular. O líder populista procura estabelecer laços emocionais com o povo, e não racionais”. É através destas afirmações que pode-se entender o que ocorreu no inicio do século XX, principalmente na América Latina, que foi invadida por uma onda de políticas populistas.
Este sistema de governo, se pode chamá-lo assim, por que estava embutido, ora em uma ditadura ora numa democracia, alguns estudiosos afirmam que acontece num momento de transição política e cultural, “Em geral, acontece nos momentos de mudança de uma sociedade agrária para uma sociedade industrial, de uma sociedade tradicional para uma sociedade moderna.”
O processo de independência das nações latino-americanas, ao longo do século XIX, deu origem a uma série de Estados independentes em sua maioria influenciados pelo ideário iluminista. No entanto, a obtenção dessa soberania política não foi capaz de dar fim à dependência econômica que submetia tais países aos interesses das grandes potências econômicas da época. Ao mesmo tempo, a consolidação da democracia ainda era prejudicada pela ação de governos tomados por uma elite conservadora e entreguista.
No século XX, a desigualdade social e a exclusão econômica ainda eram questões que permaneciam pendentes nas várias nações latino-americanas. Contudo, a ascensão de forças reformistas e nacionalistas passou a se contrapor à arcaica hegemonia caudilhista das elites. A insistência em manter as classes populares excluídas do jogo político e, ao mesmo tempo, preservar a economia nacional atrelada aos interesses dos grandes centros capitalistas começou a sofrer seus primeiros abalos.
Após a Segunda Guerra Mundial, a instalação da ordem bipolar e o sucesso do processo revolucionário cubano inspiraram diversos movimentos de transformação política no continente americano. Em contrapartida, os Estados Unidos – nação que tomava a dianteira do bloco capitalista – preocupava-se com a deflagração de novas agitações políticas que viessem a abalar a hegemonia política, econômica e ideológica historicamente reforçada nos combalidos Estados latino-americanos.
Nesse contexto, ao longo das décadas de 1960 e 1970, os diversos movimentos de transformação que surgiram em nações americanas foram atacados pelo interesse das elites nacionais. Para tanto, buscavam o respaldo norte-americano para que pudessem dar fim aos movimentos revolucionários que ameaçavam os interesses da burguesia industrial responsável por liderar essas ações golpistas. Com isso, a ingerência política dos EUA se tornou agente fundamental nesse terrível capítulo da história americana.
A perseguição política, a tortura e a censura às liberdades individuais foram integralmente incorporadas a esses governos autoritários que se estabeleceram pelo uso da força. Dessa forma, os clamores por justiça social que ganhavam espaço no continente foram brutalmente abafados nessa nova conjuntura. Ainda hoje, as desigualdades sociais, o atraso econômico e a corrupção política integram a realidade de muitos desses países que sofreram com a ditadura.
A origem do populismo se deu na Rússia, onde buscava-se uma revolução, uma sociedade ideal, livre da modernização capitalista e com valores tipicamente agrários, onde o povo seria o centro das realizações políticas, enquanto o populismo que apareceu nos Estados Unidos era defendido por pequenos proprietários rurais e faziam críticas ao capitalismo, só que não buscavam transformações radicais na sociedade.
Pode-se perceber que o intuito inicial do populismo na Rússia, foi afetado e teve ao longo do século XX várias mutações. No Brasil, foi bem aproveitado por Getúlio Vargas para permanecer no poder por uma década e meia, e mais tarde voltar ao poder, Vargas que contou com varias artimanhas políticas para dar vantagens a população trabalhadora e ao mesmo tempo criar benefícios aos empregadores.
Entendendo que o Brasil, no período do governo de Vargas, deu um grande salto na sua industrialização, devido a queda da bolsa de Nova Iorque e ao II Guerra Mundial, muitos destes operários da industrias brasileiras eram estrangeiros e pessoas vinda do interior do país, que por falta de conhecer como se organizar, preferiu colocar suas esperanças nas mãos de um líder, que por sua vez, fez-se parecer confiável, criando leis que “ajudavam” os operários.
No ano de 1946, o Brasil ganhou uma nova constituição responsável pela reintrodução da democracia no contexto político brasileiro. De fato, as novas leis constituintes acabaram com o autoritarismo do Estado Novo e devolveram a soberania política ao voto popular. Entretanto, após os vários anos em que Getúlio Vargas se colocou a frente do governo, o cenário político brasileiro se mostrou tomado por várias tendências carentes de uma orientação política mais bem articulada.
Foi nessa ausência de organização ideológica que o populismo abraçou intensamente o desenvolvimento da democracia. Aclimatado à imagem de um líder soberano, as camadas populares se entregaram facilmente aos líderes que demonstravam, por meio de ações políticas e simbólicas, o seu compromisso para com as massas. Contudo, apesar de provedor de direitos, o líder populista também se colocou atrelado ao desenvolvimentismo almejado pelos vários setores da elite nacional.
Por meio de tais ações, vemos que Vargas não só fortaleceu sua carreira política, bem como prolongou seu mandato através de um falso golpe que legitimou o Estado Novo. Após a participação na Segunda Guerra Mundial, indo contra os regimes totalitários da Europa, a sustentação de sua ditadura se tornou praticamente impossível. Nesse instante, ele tomou a frente do processo de redemocratização do país e, com isso, preservou o tom positivo de sua imagem política.
Tal conservação se mostrou eficaz a ponto de determinar a eleição de Eurico Gaspar Dutra (1946 - 1951) e a vitória de Getúlio Vargas nas eleições de 1950, quando ele retornou “nos braços do povo”. Já no contexto da Guerra Fria, a presença de políticos que agradavam ao povo e às elites se tornava parte de um jogo político cada vez mais delicado. Sob a égide da ordem bipolar, a aproximação das classes trabalhadoras e o nacionalismo era alvo de desconfiança.
Defender o “povo” e a “nação” fechava as portas do país para o capital estrangeiro e abria as mesmas para a organização de regimes de esquerda. Foi nesse contexto que o populismo experimentou sua crise. Em suma, ele se colocava entre a abertura econômica defendida pelos setores desenvolvimentistas e as crescentes demandas sociais das classes trabalhadoras. Não suportando as pressões dessa situação dúbia, o próprio Vargas atentou contra a própria vida.
Dali em diante, outras lideranças figuraram o populismo. Já em 1955, setores militares e ultraconservadores se colocaram contra a vitória eleitoral de Juscelino Kubitschek. Antevendo a possibilidade de golpe, Henrique Lott, ministro da Guerra, interveio para que um golpe militar não fosse instituído no país. Com sua pauta desenvolvimentista, JK angariou a estabilidade política ao conciliar seu comportamento populista à ampla participação do capital estrangeiro na economia nacional.
Atingindo a década de 1960, o Brasil alcançou patamares de desenvolvimento econômico expressivos que se contratavam com os problemas sociais. O desenvolvimentismo era falho, atingia apenas algumas parcelas da população e desenhava uma concentração de riquezas que não poderia ser mais protelada pelas ações conciliatórias do populismo. Passado o arroubo do breve governo de Jânio Quadros (1961), o populismo teve sua última representação no governo de João Goulart.
Antes de assumir o governo, Jango teve de aceitar as exigências dos militares que não admitiam a sua chegada ao governo. Submetido às limitações do parlamentarismo, ele seria previamente impedido de reavivar o populismo nacionalista. Entretanto, em 1963, conseguiu a aprovação de um plebiscito que reestruturou o presidencialismo e, consequentemente, fortaleceu a ação do poder Executivo. Nesse momento, João Goulart ofereceu ao país um conjunto de mudanças previstas pelas Reformas de Base.
Conquistando o rápido apoio de líderes sindicais, nacionalistas e partidos políticos de esquerda, João Goulart não teve mais condições de assumir o comportamento dúbio que marcava o populismo. Já nesse instante, os grupos de tendência conservadora se mostraram desconfiados com os projetos sociais das Reformas de Base. Com isso, em 31 de março de 1964, os militares se lançaram às armas e golpearam de uma vez só a democracia e o populismo no Brasil.
Com o suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de Agosto de 1954, abriu-se um buraco no poder e também na herança política, perseguida por seus simpatizantes e adversários. Para substituí-lo tentaram lançar uma candidatura de “união nacional”, com a adesão de dois dos maiores partidos políticos da época: o Partido Social Democrático (PSD) e a União Democrática Nacional (UDN). Eles teriam um candidato único, que uniria a direita e o centro e evitaria uma nova candidatura radical como era a “getulista”.
Esta idéia, porém, não se concretizou e, em 10 de Fevereiro de 1955, o PSD homologou o nome de Juscelino Kubitschek como candidato à presidência da República. JK sabia que precisava do apoio de uma base sólida e da aceitação popular, como tinha o PTB, partido de Vargas e que tinha João Goulart como candidato à presidência. Poucos dias após a homologação de JK como candidato do PSD, o PTB selou acordo tendo João Goulart (Jango) concorrendo como vice-presidente.
Muitas foram as tentativas dos “anti-getulistas” para inviabilizar a campanha JK-Jango, apoiada, inclusive, pelo Partido Comunista Brasileiro. A UDN era a principal rival dessa coligação, com intenções escancaradas de impedir a qualquer custo a vitória de JK, inclusive usando de meios ilícitos para cumprir seu objetivo.
Nas eleições de 3 de Outubro de 1955, JK elegeu-se com 36% dos votos válidos, contra 30% de Juarez Távora (UDN), 26% de Ademar de Barros (PSP) e 8% de Plínio Salgado (PRP). Naquela época, as eleições para presidente e vice não eram vinculadas, mas Jango foi o melhor votado para vice, recebendo mais votos do que JK e pôde, em 31 de Janeiro de 1956, sentar-se ao lado de seu companheiro de chapa para governar o país.
O governo desenvolvimentista
O governo de JK é lembrado como de grande desenvolvimento, incentivando o progresso econômico do país por meio da industrialização. Ao assumir sua candidatura, ele se comprometeu a trazer o desenvolvimento de forma absoluta para o Brasil, realizando 50 anos de progresso em apenas cinco de governo, o famoso “50 em 5”.
Seu mandato foi marcado por grande calmaria política, sofrendo apenas dois movimentos de contestação por medo das tendências esquerdistas do presidente: as revoltas militares de Jacareacanga, em fevereiro de 1956 e de Aragarças, em dezembro de 1959. As duas contaram com pequeno número de insatisfeitos, sendo ambas reprimidas pelas Forças Armadas. Com o fim das revoltas, Juscelino concedeu "anistia ampla e irrestrita" a todos os envolvidos nos acontecimentos.
O governo JK foi marcado por grandes obras e mudanças. As principais foram:
- O Plano de Metas, que estabelecia 31 objetivos para serem cumpridos durante seu mandato, otimizando principalmente os setores de energia e transporte (com 70% do orçamento), indústrias de base, educação e alimentação. Os dois últimos não foram alcançados, mas isso passou despercebido diante de tantas melhorias proporcionadas por JK;
- Criação do Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), implantando várias indústrias de automóvel no país;
- Criação do Conselho Nacional de Energia Nuclear;
- Expansão das usinas hidrelétricas para obtenção de energia elétrica, com a construção da Usina de Paulo Afonso, no Rio São Francisco, na Bahia e das barragens de Furnas e Três Marias;
- Criação do Grupo Executivo da Indústria de Construção Naval (Geicon);
- Abertura de novas rodovias, como a Belém-Brasília, unindo regiões até então isoladas entre si;
- Criação do Ministério das Minas e Energia, expandindo a indústria do aço;
- Criação da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e
- Fundação de Brasília.
Durante esse governo houve um grande avanço industrial e a sua força motriz estava concentrada nas indústrias de base e na fabricação de bens de consumo duráveis e não-duráveis. O governo atraiu o investimento de capital estrangeiro no país incentivando a instalação de empresas internacionais, principalmente as automobilísticas.
Essa política desenvolvimentista só foi possível por meio de duas realizações de Vargas: a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (RJ), em 1946 e a Petrobras, em 1953. Com a criação da Siderúrgica, o Brasil pôde começar a produzir chapas de ferro e laminados de aço, necessários como material para outras indústrias na fabricação de ferramentas, pregos, eletrodomésticos, motores, navios, automóveis e aviões.
A Siderúrgica impulsionou a indústria automobilística que, por sua vez, impulsionou a indústria de peças e equipamentos. As três juntas impulsionaram o crescimento e a construção de usinas hidrelétricas mais potentes. A criação da Petrobras também forneceu matéria-prima para o desenvolvimento da indústria de derivados do petróleo, como plásticos, tintas, asfalto, fertilizantes e borracha sintética.
Todo esse desenvolvimento concentrou-se no Sudeste brasileiro, enquanto as outras regiões continuavam com suas atividades econômicas tradicionais. Por esse motivo, as correntes migratórias aumentaram, sobretudo as do Nordeste para o Sudeste – que chegaram a 600 mil pessoas em 1953, o que significava 5% da população nordestina – e do campo para a cidade.
Os bens produzidos pelas indústrias eram acessíveis apenas a uma pequena parcela de brasileiros, enquanto que a maioria – formada pela classe trabalhadora – continuava política e economicamente marginalizada, prova cabal da concentração de riquezas nas mãos de poucos.
Para tentar sanar esse problema, JK criou a Sudene, em 1959, para promover o desenvolvimento do Nordeste. A intenção era que houvesse industrialização e agricultura irrigada na região. Porém, o seu partido, o PSD, era ligado aos coronéis do interior, o que impediu que a Sudene fosse um instrumento da prática da Reforma Agrária na região, solução decisiva para acabar com as desigualdades sociais.
Além desses problemas, o progresso econômico também gerou muitas dívidas. Apesar de o Produto Interno Bruto – PIB – ter crescido 7% ao ano e da taxa de renda per capita ter aumentado num ritmo quatro vezes maior do que o da América Latina, as exportações não atingiram o mesmo valor do endividamento e JK foi se enforcando com a própria corda. O capital estrangeiro que trazia riquezas ao Brasil era o mesmo que lhe cobrava montanhas de juros pelos empréstimos realizados pelos Estados Unidos. Nessa época a taxa de inflação crescia sem parar e a moeda brasileira estava cada vez mais desvalorizada.
A sorte de Juscelino foi que esses problemas só vieram à tona quando seu mandato estava bem perto do fim, e isto não abalou a sua imagem diante da população, que até hoje o considera como um político visionário e de grande responsabilidade pelo desenvolvimento do país.
Brasília
A fundação de Brasília como nova capital do país, em localização estratégica, criou uma metrópole no interior do território nacional. Até 1950 existia uma idéia de que existiam dois “Brasis”: um litorâneo, produtivo e moderno e outro interiorano, estagnado social e economicamente. Brasília serviria para permitir a interiorização do desenvolvimento. A Novacap, empresa responsável pela construção de Brasília, atraiu mais de 3 mil operários para o centro do país.
Conhecidos como “candangos”, estes homens trabalhavam sem parar, noite e dia. No dia de sua inauguração, em 21 de Abril de 1960, a nova capital contou com a presença de mais de 100 mil visitantes que puderam ver o nascimento de um dos principais símbolos arquitetônicos do mundo, idealizado pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer.
Jânio da Silva Quadros sucedeu ao Presidente Juscelino Kubitschek. Foi eleito em outubro de 1960 com uma expressiva vitória. Mas seu governo durou poucos meses, provocando uma crise política, que culminaria mais tarde no Golpe Militar.
Nesta eleição, em 1960, os principais nomes para a disputa foram: Marechal Teixeira Lott pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), tendo como vice João Goulart; Ademar de Barros, político forte em São Paulo e um candidato populista inovador, Jânio Quadros.
Jânio obteve o apoio da UDN (União Democrática Nacional) e alcançou êxito com um discurso de moralização. Ao final do governo de JK, o país enfrentava sérios problemas advindos da chamada política desenvolvimentista. A inflação atingia 25% ao ano e a dívida externa era exorbitante.
Com o slogan “varre, varre, vassourinha, varre varre a bandalheira”, Jânio empolgou a população, prometendo acabar com a corrupção, equilibrar as finanças públicas e diminuir a inflação. Para ganhar ainda mais simpatia dos eleitores, o candidato costumava andar com roupas amassadas e carregar sanduíche de mortadela nos bolsos.
Jânio Quadros venceu com mais de 6 milhões de votos. Entretanto, o vice-presidente eleito foi João Goulart. A Constituição de 1946 previa a votação para Presidente e vice, separadamente. Vale lembrar, que os dois candidatos representavam partidos e idéias diferentes.
Jânio foi o primeiro Presidente da República a tomar posse na nova capital do país, Brasília, e de lá governaria o país. Era a primeira vez, também, que um candidato apoiado pela UDN alcançava o cargo.
Seu governo foi muito contraditório. A começar pelos seus apoios políticos, que representavam a elite do país, ou seja, aquela classe social que sempre foi alvo das críticas de Jânio. Na política internacional, dizia combater o comunismo, mas chegou a condecorar um dos líderes da Revolução Socialista Cubana, Ernesto “Che” Guevara, com a Medalha Cruzeiro do Sul, em agosto de 1961.
Na área econômica, Jânio foi conservador, adotando à risca as medidas do FMI (Fundo Monetário Internacional). Congelou salários, restringiu créditos e desvalorizou a moeda nacional, o Cruzeiro, em 100%. Porém, nenhuma destas medidas foi suficiente para acabar com a inflação alta.
O que ocorreu foi um descontentamento da população, iludida com os discursos inflamados do candidato e, posteriormente, decepcionada com o novo Presidente, que chegou a proibir o uso de biquínis nas praias. Os apoios políticos a Jânio também se desfizeram, inclusive da UDN e de seu maior representante, o jornalista Carlos Lacerda.
No dia 24 de agosto de 1961, Carlos Lacerda foi à televisão denunciar um possível golpe que estaria sendo articulado pelo Presidente Jânio Quadros. No outro dia, o Brasil se surpreendeu com o pedido de renúncia de Jânio. Ele afirmava em carta ao Congresso que “forças terríveis” o haviam levado a tomar aquele gesto.
Porém, acredita-se que Jânio imaginou um “espetáculo de renúncia”, o qual mobilizaria a população em seu favor e ele voltaria ao poder muito mais fortalecido. Mas isto não aconteceu. O Congresso de pronto aceitou sua saída do cargo. Assumiu interinamente a direção do país o Presidente da Câmara, Ranieri Mazilli, até a volta do vice João Goulart, que fazia uma visita oficial à China.
João Belchior Marques Goulart, ou simplesmente Jango, como era conhecido, governou o país de setembro de 1961 a março de 1964. Nasceu em São Borja, no Rio Grande do Sul. Entrou para a política com o apoio de seu conterrâneo e amigo particular, Getúlio Vargas.
Seu primeiro cargo público foi como Deputado Federal, em 1950. Logo depois foi Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio no segundo governo de Vargas. Como Ministro, ele concedeu muitos benefícios aos trabalhadores, inclusive aumentou o salário mínimo em 100%, fato que provocou sua renúncia, pois desagradou a muitos empresários.
Jango venceu duas eleições como Vice-presidente da República, sempre pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). A primeira vitória foi como segundo de Juscelino Kubitschek, em 1955. Após cinco anos, foi eleito vice de Jânio Quadros.

Parlamentarismo
Com a renúncia do Presidente Jânio Quadros, em agosto de 1961, João Goulart deveria assumir o governo. Mas partidos da oposição, como a UDN (União Democrática Nacional) e os militares tentaram impedir a sua posse. Nesta ocasião, Jango, que era tido como simpatizante do comunismo, estava em visita oficial à China (país comunista).
O Governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, cunhado de Jango, encabeçou a chamada Campanha da Legalidade, a fim de garantir o direito previsto na Constituição de 1946 de que na falta do Presidente, assume o candidato eleito a vice.
Brizola foi às rádios conclamando a população para que se manifestasse a favor de Jango. Ele conseguiu o apoio do Comando Militar do Rio Grande do Sul e também de líderes sindicais, de movimentos estudantis e de intelectuais.
A solução encontrada pelo Congresso Nacional foi instaurar o sistema Parlamentarista, no qual o poder do Presidente fica limitado. Ele indica, mas pouco interfere nas ações dos Ministros. No dia 07 de setembro de 1961 Jango tomou posse. O Primeiro Ministro indicado foi Tancredo Neves, do PSD (Partido Social Democrata) mineiro.
Em janeiro de 1963 houve um plebiscito (consulta popular), para que se decide sim ou não pela continuidade do Parlamentarismo. Com 82% dos votos, o povo optou pelo fim deste sistema de governo e pela volta do Presidencialismo.
Plano econômico
Jango adotou uma política econômica conservadora. Procurou diminuir a participação de empresas estrangeiras em setores estratégicos da economia, instituiu um limite para a remessa de lucros das empresas internacionais e seguiu as orientações do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Contudo, o Presidente sempre foi maleável com relação às reivindicações sociais. Em Julho de 1962, os trabalhadores organizaram o CGG (Comando Geral de Greve), convocando uma greve geral. Conquistaram com este movimento um antigo sonho dos funcionários: o 13º salário.
Com o fim do Parlamentarismo, restavam ainda três anos de mandato para João Goulart. Elaborado pelo economista Celso Furtado, o Presidente lançou o Plano Trienal, que previa geração de emprego, diminuição da inflação, entre outras medidas para pôr fim à crise econômica. Porém, o plano não atingiu os resultados esperados.
Reformas de base
Jango acreditava que só através das chamadas reformas de base é que a economia voltaria a crescer e diminuiria as desigualdades sociais. Estas medidas incluíam as reformas agrária, tributária, administrativa, bancária e educacional.
Em um grande comício organizado na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, Jango anunciou a mais de 300 mil pessoas que daria início as reformas e livraria o país do caos em que estava vivendo.
Este comício, entretanto, foi mais um motivo para que a oposição o acusasse de comunista. A partir daí houve uma mobilização social anti Jango.
O Golpe Militar
A classe média assustada deu apoio aos militares. Alguns dias depois do comício, foi organizada a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, com o objetivo de dar apoio aos golpistas.
No dia 31 de março de 1964, os militares se reuniram e tomaram o poder, com apoio dos Estados Unidos.
Jango não resistiu. Deixou o governo e se refugiou no Rio Grande do Sul. De lá, foi para o exílio no Uruguai e na Argentina, onde morreu aos 57 anos, vítima de um infarto.
As raízes do golpe de 1964 são muito profundas, são de cunho ideológico e estão arraigadas no país desde o final do século XIX. Segundo historiadores, o golpe militar começou a ocorrer em 1954 (ou até mesmo antes) quando a situação de Vargas estava insustentável devido aos escândalos sucessivos que ocorriam durante seu governo de cunho autoritário, além de grande instabilidade que atingiu o Brasil política e economicamente.
Em 1955, ainda segundo uma corrente de historiadores brasileiros, as mesmas forças tentaram impedir as eleições através de um novo golpe, pois sabiam que haveria a sua derrota.
A tentativa, porém, foi impedida pela ação do marechal Henrique Batista Duffles Teixeira Lott, que garantiu as eleições e a posterior posse de Juscelino Kubitschek que continuou a desenvolver a indústria brasileira tentando modernizar o parque industrial, com a conhecida política dos cinquenta anos em cinco.
No entanto, em 1961, com a renúncia de Jânio Quadros, numa tentativa infrutífera do que supostamente pretendia ser um auto-golpe, subiria ao poder o vice-presidente João Goulart, o que de certa forma gerou descontentamento entre segmentos contrários ao populismo de Vargas.
Goulart, sucessor político de Getúlio Vargas e cunhado de Leonel Brizola, defendia a realização de reformas de base no Brasil, incluindo a reforma agrária. Ele estava na China quando recebeu a notícia da renúncia de Quadros e era informado também da tentativa de militares contrários a Jango (como era conhecido Goulart) impedirem sua posse. Ranieri Mazilli era o presidente em exercício.
A renúncia de Jânio, cujos reais motivos não foram devidamente esclarecidos pelo ex-presidente (que morreu apenas transmitindo ao neto uma visão "romântica" do ato, pensando em voltar pelos braços do povo), parece ter sido motivada por um discurso lançado por Carlos Lacerda, governador da Guanabara. Preocupado com os acenos de Quadros aos países socialistas - na política externa Quadros queria inverter o seu perfil conservador - , Lacerda, que apoiou a eleição de Quadros, tentou falar com ele em Brasília e, no encontro, o jornalista-governador foi mal recebido pelo então presidente. Irritado, Lacerda anunciou em pronunciamento na TV que Jânio queria dar um golpe, renunciando para depois retornar com poderes fortalecidos. O discurso de Lacerda desnorteou politicamente o governo Jânio Quadros, que já tinha se mostrado, desde o começo, ambíguo e instável.
Novamente os mesmos setores que, segundo alguns, tramaram o golpe de 1954 tentaram impedir Goulart de tomar posse. Os antigos coronéis que lançaram um memorial condenando a atuação de Jango como Ministro do Trabalho (os oficiais se irritaram com o aumento salarial decretado pelo ministro), generais naquele ano de 1961, queriam impedir a posse do vice de Jânio, considerado substituto constitucional do renunciante.
Uma campanha radiofônica articulada pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, denominada "Cadeia da Legalidade", fez crescer o apoio popular para a posse de Jango, na chamada Campanha da Legalidade. Alguns parlamentares de tendência liberal, entre eles Raul Pilla, tradicional defensor do parlamentarismo no Brasil, deram a solução para garantir a posse de Jango: ele seria presidente, mas não governava. O governo estaria nas mãos do Presidente do Conselho de Ministros.
Jango pôde assim exercer a função de chefe de estado, mas o governo esteve nas mãos de três Primeiros-Ministros: o político mineiro Tancredo Neves (que ironicamente não conseguiu se empossar presidente na redemocratização brasileira), o jurista gaúcho Francisco de Paula Brochado da Rocha e o jurista baiano Hermes Lima.
Em 1962, forças políticas descontentes com o parlamentarismo, pressionam no sentido de ser realizado um plebiscito para a escolha da forma de governo, parlamentarismo, ou presidencialismo.
Esse plebiscito estava previsto para 1965, ano das eleições presidenciais (que já tinham candidatos anunciados desde 1960: JK e Lacerda). Mas o descontentamento do povo e das classes dirigentes fez apressar a realização do plebiscito para 1962, influenciando uma campanha em que a opção mais defendida era o não ao parlamentarismo, apoiada tanto por progressistas quanto por esquerdistas e alguns conservadores.
Dessa forma, os eleitores escolheram o presidencialismo. Goulart começou a governar, tentando conciliar os seus interesse ideológicos mais à esquerda com os interesses dos conservadores, mais à direita.
Devida perda de tempo, resultando na demora em implantar as reformas de base, os grupos de esquerda, inclusive dentro do próprio PTB começaram a se afastar do governo e atuar em protestos reivindicativos. Jango chega a ter sérias discussões até com o cunhado Leonel Brizola, irritado em ver o presidente impotente em pôr em prática as prometidas reformas.
Iniciou assim uma aceleração da inflação que começa a escalar, as medidas econômicas do governo foram duramente atacadas pelos grupos mais à esquerda, pois viam nestas a continuação de uma política que eles mesmos combatiam.
A esquerda, então, iniciou os movimentos de greves, comandadas pela CGT, o que repercutia mal nos setores patronais.
No Brasil era o período de eleições estaduais, Kennedy, presidente norte-americano, ingerindo diretamente na política interna brasileira, ordenou o financiamento das campanhas dos governos estaduais em candidatos contrários a Jango. Os fundos provenientes de fontes estrangeiras foram utilizados na campanha de oito candidatos aos governos dos 11 estados onde houve eleições, em apoio a 15 candidatos ao Senado, a 250 candidatos à Câmara e a mais de quinhentos candidatos às Assembléias Legislativas, com a finalidade de desestabilizar o governo brasileiro.
Observa-se que desde o inicio da década de 60, a crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961, bem como a subida a presidência do seu vice João Goulart, que assumiu a presidência num clima político adverso. O governo de João Goulart (1961-1964) foi caracterizado pela abertura às organizações sociais. Estudantes, organizações populares e trabalhadores ganharam o seu espaço, causando a preocupação das classes conservadoras com: os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média. Todos temiam uma virada política do Brasil para o lado socialista. Vale ressaltar, que neste período, o mundo vivia o auge da Guerra Fria.
No plano econômico na década de 60 houve um remanejamento a nível internacional. As corporações internacionais levaram suas fábricas para os países periféricos o que resultou em maior interdependência na esfera produtiva internacional e a conseqüente modificação nas formas de dependência a que estava condicionada o desenvolvimento do capitalismo nos países periféricos.
Essa transformação ocorrida no ambito econômico internacional e a nova ordem política social estabelecida pelo novo ciclo de autoritarismo que inicialmente teve seu advento em março de 1964, com o golpe militar, influenciaram de sobremaneira na organização social brasileira e nesse novo contexto ganharam importância os grupos que aqui expressavam o capitalismo internacional.
Por conseguinte, juntamente com o golpe assumiram posições privilegiadas no poder, determinados setores das forças armadas e da tecnocracia que pela afinidade de idéias com esses novos rumos da política econômica tiveram um importante papel na repressão política e social da sociedade. Simultaneamente, ao mesmo tempo em que ocorreu a respectiva ascensão desses novos grupos ao poder (Militares), setores da classe média burocrática tradicional, políticos que sustentavam o antigo regime e líderes sindicais perderam sua importância na nova cena política.

Populismo e ditadura militar no Brasil e na América Latina

O populismo
O populismo surge como forma de governo na Rússia para defender os russos do capitalismo e aparece na América Latina aliada aos capitalistas servindo de passaporte para a construção de ditaduras, como a getulista no Brasil que perdurou 15 anos graças à grande identidade que a população teve com seu líder, que inteligentemente se apoderou desta ligação para construir seu governo. Percebe-se que do outro lado, os latifundiários e industriais tiveram muitas vantagens durante o período populista de Vargas, talvez aí, estaria a grande vantagem de Getúlio estar jogando por dois lados, criando vantagens e cedendo aos dois lados, os ricos e os pobres.
Ao entender como se dá o “populismo” pode-se compreender o porquê da busca de lideres por esta forma de governar, percebendo que não é um bom coração destes políticos que impera em uma administração publica populista, pelo contrario, muitas vezes este sistema chega ser perverso, autoritário e repressor.
Outro ponto a se buscar é o inicio do populismo no Brasil, a ascensão de Getúlio Vargas, uma ditadura de quinze anos, a queda getulista, Vargas voltando ao poder nos braços do povo e o suicídio, os presidentes democratas populistas (Juscelino, Jango), e o golpe militar.
“Populismo é uma forma de governar baseada nas massas, onde o governante exerce uma influência muito grande sobre o povo e utiliza isso para obter apoio popular. O líder populista procura estabelecer laços emocionais com o povo, e não racionais”. É através destas afirmações que pode-se entender o que ocorreu no inicio do século XX, principalmente na América Latina, que foi invadida por uma onda de políticas populistas.
Este sistema de governo, se pode chamá-lo assim, por que estava embutido, ora em uma ditadura ora numa democracia, alguns estudiosos afirmam que acontece num momento de transição política e cultural, “Em geral, acontece nos momentos de mudança de uma sociedade agrária para uma sociedade industrial, de uma sociedade tradicional para uma sociedade moderna.”
O processo de independência das nações latino-americanas, ao longo do século XIX, deu origem a uma série de Estados independentes em sua maioria influenciados pelo ideário iluminista. No entanto, a obtenção dessa soberania política não foi capaz de dar fim à dependência econômica que submetia tais países aos interesses das grandes potências econômicas da época. Ao mesmo tempo, a consolidação da democracia ainda era prejudicada pela ação de governos tomados por uma elite conservadora e entreguista.
No século XX, a desigualdade social e a exclusão econômica ainda eram questões que permaneciam pendentes nas várias nações latino-americanas. Contudo, a ascensão de forças reformistas e nacionalistas passou a se contrapor à arcaica hegemonia caudilhista das elites. A insistência em manter as classes populares excluídas do jogo político e, ao mesmo tempo, preservar a economia nacional atrelada aos interesses dos grandes centros capitalistas começou a sofrer seus primeiros abalos.
Após a Segunda Guerra Mundial, a instalação da ordem bipolar e o sucesso do processo revolucionário cubano inspiraram diversos movimentos de transformação política no continente americano. Em contrapartida, os Estados Unidos – nação que tomava a dianteira do bloco capitalista – preocupava-se com a deflagração de novas agitações políticas que viessem a abalar a hegemonia política, econômica e ideológica historicamente reforçada nos combalidos Estados latino-americanos.
Nesse contexto, ao longo das décadas de 1960 e 1970, os diversos movimentos de transformação que surgiram em nações americanas foram atacados pelo interesse das elites nacionais. Para tanto, buscavam o respaldo norte-americano para que pudessem dar fim aos movimentos revolucionários que ameaçavam os interesses da burguesia industrial responsável por liderar essas ações golpistas. Com isso, a ingerência política dos EUA se tornou agente fundamental nesse terrível capítulo da história americana.
A perseguição política, a tortura e a censura às liberdades individuais foram integralmente incorporadas a esses governos autoritários que se estabeleceram pelo uso da força. Dessa forma, os clamores por justiça social que ganhavam espaço no continente foram brutalmente abafados nessa nova conjuntura. Ainda hoje, as desigualdades sociais, o atraso econômico e a corrupção política integram a realidade de muitos desses países que sofreram com a ditadura.
A origem do populismo se deu na Rússia, onde buscava-se uma revolução, uma sociedade ideal, livre da modernização capitalista e com valores tipicamente agrários, onde o povo seria o centro das realizações políticas, enquanto o populismo que apareceu nos Estados Unidos era defendido por pequenos proprietários rurais e faziam críticas ao capitalismo, só que não buscavam transformações radicais na sociedade.
Pode-se perceber que o intuito inicial do populismo na Rússia, foi afetado e teve ao longo do século XX várias mutações. No Brasil, foi bem aproveitado por Getúlio Vargas para permanecer no poder por uma década e meia, e mais tarde voltar ao poder, Vargas que contou com varias artimanhas políticas para dar vantagens a população trabalhadora e ao mesmo tempo criar benefícios aos empregadores.
Entendendo que o Brasil, no período do governo de Vargas, deu um grande salto na sua industrialização, devido a queda da bolsa de Nova Iorque e ao II Guerra Mundial, muitos destes operários da industrias brasileiras eram estrangeiros e pessoas vinda do interior do país, que por falta de conhecer como se organizar, preferiu colocar suas esperanças nas mãos de um líder, que por sua vez, fez-se parecer confiável, criando leis que “ajudavam” os operários.
No ano de 1946, o Brasil ganhou uma nova constituição responsável pela reintrodução da democracia no contexto político brasileiro. De fato, as novas leis constituintes acabaram com o autoritarismo do Estado Novo e devolveram a soberania política ao voto popular. Entretanto, após os vários anos em que Getúlio Vargas se colocou a frente do governo, o cenário político brasileiro se mostrou tomado por várias tendências carentes de uma orientação política mais bem articulada.
Foi nessa ausência de organização ideológica que o populismo abraçou intensamente o desenvolvimento da democracia. Aclimatado à imagem de um líder soberano, as camadas populares se entregaram facilmente aos líderes que demonstravam, por meio de ações políticas e simbólicas, o seu compromisso para com as massas. Contudo, apesar de provedor de direitos, o líder populista também se colocou atrelado ao desenvolvimentismo almejado pelos vários setores da elite nacional.
Por meio de tais ações, vemos que Vargas não só fortaleceu sua carreira política, bem como prolongou seu mandato através de um falso golpe que legitimou o Estado Novo. Após a participação na Segunda Guerra Mundial, indo contra os regimes totalitários da Europa, a sustentação de sua ditadura se tornou praticamente impossível. Nesse instante, ele tomou a frente do processo de redemocratização do país e, com isso, preservou o tom positivo de sua imagem política.
Tal conservação se mostrou eficaz a ponto de determinar a eleição de Eurico Gaspar Dutra (1946 - 1951) e a vitória de Getúlio Vargas nas eleições de 1950, quando ele retornou “nos braços do povo”. Já no contexto da Guerra Fria, a presença de políticos que agradavam ao povo e às elites se tornava parte de um jogo político cada vez mais delicado. Sob a égide da ordem bipolar, a aproximação das classes trabalhadoras e o nacionalismo era alvo de desconfiança.
Defender o “povo” e a “nação” fechava as portas do país para o capital estrangeiro e abria as mesmas para a organização de regimes de esquerda. Foi nesse contexto que o populismo experimentou sua crise. Em suma, ele se colocava entre a abertura econômica defendida pelos setores desenvolvimentistas e as crescentes demandas sociais das classes trabalhadoras. Não suportando as pressões dessa situação dúbia, o próprio Vargas atentou contra a própria vida.
Dali em diante, outras lideranças figuraram o populismo. Já em 1955, setores militares e ultraconservadores se colocaram contra a vitória eleitoral de Juscelino Kubitschek. Antevendo a possibilidade de golpe, Henrique Lott, ministro da Guerra, interveio para que um golpe militar não fosse instituído no país. Com sua pauta desenvolvimentista, JK angariou a estabilidade política ao conciliar seu comportamento populista à ampla participação do capital estrangeiro na economia nacional.
Atingindo a década de 1960, o Brasil alcançou patamares de desenvolvimento econômico expressivos que se contratavam com os problemas sociais. O desenvolvimentismo era falho, atingia apenas algumas parcelas da população e desenhava uma concentração de riquezas que não poderia ser mais protelada pelas ações conciliatórias do populismo. Passado o arroubo do breve governo de Jânio Quadros (1961), o populismo teve sua última representação no governo de João Goulart.
Antes de assumir o governo, Jango teve de aceitar as exigências dos militares que não admitiam a sua chegada ao governo. Submetido às limitações do parlamentarismo, ele seria previamente impedido de reavivar o populismo nacionalista. Entretanto, em 1963, conseguiu a aprovação de um plebiscito que reestruturou o presidencialismo e, consequentemente, fortaleceu a ação do poder Executivo. Nesse momento, João Goulart ofereceu ao país um conjunto de mudanças previstas pelas Reformas de Base.
Conquistando o rápido apoio de líderes sindicais, nacionalistas e partidos políticos de esquerda, João Goulart não teve mais condições de assumir o comportamento dúbio que marcava o populismo. Já nesse instante, os grupos de tendência conservadora se mostraram desconfiados com os projetos sociais das Reformas de Base. Com isso, em 31 de março de 1964, os militares se lançaram às armas e golpearam de uma vez só a democracia e o populismo no Brasil.
Com o suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de Agosto de 1954, abriu-se um buraco no poder e também na herança política, perseguida por seus simpatizantes e adversários. Para substituí-lo tentaram lançar uma candidatura de “união nacional”, com a adesão de dois dos maiores partidos políticos da época: o Partido Social Democrático (PSD) e a União Democrática Nacional (UDN). Eles teriam um candidato único, que uniria a direita e o centro e evitaria uma nova candidatura radical como era a “getulista”.
Esta idéia, porém, não se concretizou e, em 10 de Fevereiro de 1955, o PSD homologou o nome de Juscelino Kubitschek como candidato à presidência da República. JK sabia que precisava do apoio de uma base sólida e da aceitação popular, como tinha o PTB, partido de Vargas e que tinha João Goulart como candidato à presidência. Poucos dias após a homologação de JK como candidato do PSD, o PTB selou acordo tendo João Goulart (Jango) concorrendo como vice-presidente.
Muitas foram as tentativas dos “anti-getulistas” para inviabilizar a campanha JK-Jango, apoiada, inclusive, pelo Partido Comunista Brasileiro. A UDN era a principal rival dessa coligação, com intenções escancaradas de impedir a qualquer custo a vitória de JK, inclusive usando de meios ilícitos para cumprir seu objetivo.
Nas eleições de 3 de Outubro de 1955, JK elegeu-se com 36% dos votos válidos, contra 30% de Juarez Távora (UDN), 26% de Ademar de Barros (PSP) e 8% de Plínio Salgado (PRP). Naquela época, as eleições para presidente e vice não eram vinculadas, mas Jango foi o melhor votado para vice, recebendo mais votos do que JK e pôde, em 31 de Janeiro de 1956, sentar-se ao lado de seu companheiro de chapa para governar o país.
O governo desenvolvimentista
O governo de JK é lembrado como de grande desenvolvimento, incentivando o progresso econômico do país por meio da industrialização. Ao assumir sua candidatura, ele se comprometeu a trazer o desenvolvimento de forma absoluta para o Brasil, realizando 50 anos de progresso em apenas cinco de governo, o famoso “50 em 5”.
Seu mandato foi marcado por grande calmaria política, sofrendo apenas dois movimentos de contestação por medo das tendências esquerdistas do presidente: as revoltas militares de Jacareacanga, em fevereiro de 1956 e de Aragarças, em dezembro de 1959. As duas contaram com pequeno número de insatisfeitos, sendo ambas reprimidas pelas Forças Armadas. Com o fim das revoltas, Juscelino concedeu "anistia ampla e irrestrita" a todos os envolvidos nos acontecimentos.
O governo JK foi marcado por grandes obras e mudanças. As principais foram:
- O Plano de Metas, que estabelecia 31 objetivos para serem cumpridos durante seu mandato, otimizando principalmente os setores de energia e transporte (com 70% do orçamento), indústrias de base, educação e alimentação. Os dois últimos não foram alcançados, mas isso passou despercebido diante de tantas melhorias proporcionadas por JK;
- Criação do Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), implantando várias indústrias de automóvel no país;
- Criação do Conselho Nacional de Energia Nuclear;
- Expansão das usinas hidrelétricas para obtenção de energia elétrica, com a construção da Usina de Paulo Afonso, no Rio São Francisco, na Bahia e das barragens de Furnas e Três Marias;
- Criação do Grupo Executivo da Indústria de Construção Naval (Geicon);
- Abertura de novas rodovias, como a Belém-Brasília, unindo regiões até então isoladas entre si;
- Criação do Ministério das Minas e Energia, expandindo a indústria do aço;
- Criação da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e
- Fundação de Brasília.
Durante esse governo houve um grande avanço industrial e a sua força motriz estava concentrada nas indústrias de base e na fabricação de bens de consumo duráveis e não-duráveis. O governo atraiu o investimento de capital estrangeiro no país incentivando a instalação de empresas internacionais, principalmente as automobilísticas.
Essa política desenvolvimentista só foi possível por meio de duas realizações de Vargas: a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (RJ), em 1946 e a Petrobras, em 1953. Com a criação da Siderúrgica, o Brasil pôde começar a produzir chapas de ferro e laminados de aço, necessários como material para outras indústrias na fabricação de ferramentas, pregos, eletrodomésticos, motores, navios, automóveis e aviões.
A Siderúrgica impulsionou a indústria automobilística que, por sua vez, impulsionou a indústria de peças e equipamentos. As três juntas impulsionaram o crescimento e a construção de usinas hidrelétricas mais potentes. A criação da Petrobras também forneceu matéria-prima para o desenvolvimento da indústria de derivados do petróleo, como plásticos, tintas, asfalto, fertilizantes e borracha sintética.
Todo esse desenvolvimento concentrou-se no Sudeste brasileiro, enquanto as outras regiões continuavam com suas atividades econômicas tradicionais. Por esse motivo, as correntes migratórias aumentaram, sobretudo as do Nordeste para o Sudeste – que chegaram a 600 mil pessoas em 1953, o que significava 5% da população nordestina – e do campo para a cidade.
Os bens produzidos pelas indústrias eram acessíveis apenas a uma pequena parcela de brasileiros, enquanto que a maioria – formada pela classe trabalhadora – continuava política e economicamente marginalizada, prova cabal da concentração de riquezas nas mãos de poucos.
Para tentar sanar esse problema, JK criou a Sudene, em 1959, para promover o desenvolvimento do Nordeste. A intenção era que houvesse industrialização e agricultura irrigada na região. Porém, o seu partido, o PSD, era ligado aos coronéis do interior, o que impediu que a Sudene fosse um instrumento da prática da Reforma Agrária na região, solução decisiva para acabar com as desigualdades sociais.
Além desses problemas, o progresso econômico também gerou muitas dívidas. Apesar de o Produto Interno Bruto – PIB – ter crescido 7% ao ano e da taxa de renda per capita ter aumentado num ritmo quatro vezes maior do que o da América Latina, as exportações não atingiram o mesmo valor do endividamento e JK foi se enforcando com a própria corda. O capital estrangeiro que trazia riquezas ao Brasil era o mesmo que lhe cobrava montanhas de juros pelos empréstimos realizados pelos Estados Unidos. Nessa época a taxa de inflação crescia sem parar e a moeda brasileira estava cada vez mais desvalorizada.
A sorte de Juscelino foi que esses problemas só vieram à tona quando seu mandato estava bem perto do fim, e isto não abalou a sua imagem diante da população, que até hoje o considera como um político visionário e de grande responsabilidade pelo desenvolvimento do país.
Brasília
A fundação de Brasília como nova capital do país, em localização estratégica, criou uma metrópole no interior do território nacional. Até 1950 existia uma idéia de que existiam dois “Brasis”: um litorâneo, produtivo e moderno e outro interiorano, estagnado social e economicamente. Brasília serviria para permitir a interiorização do desenvolvimento. A Novacap, empresa responsável pela construção de Brasília, atraiu mais de 3 mil operários para o centro do país.
Conhecidos como “candangos”, estes homens trabalhavam sem parar, noite e dia. No dia de sua inauguração, em 21 de Abril de 1960, a nova capital contou com a presença de mais de 100 mil visitantes que puderam ver o nascimento de um dos principais símbolos arquitetônicos do mundo, idealizado pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer.
Jânio da Silva Quadros sucedeu ao Presidente Juscelino Kubitschek. Foi eleito em outubro de 1960 com uma expressiva vitória. Mas seu governo durou poucos meses, provocando uma crise política, que culminaria mais tarde no Golpe Militar.
Nesta eleição, em 1960, os principais nomes para a disputa foram: Marechal Teixeira Lott pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), tendo como vice João Goulart; Ademar de Barros, político forte em São Paulo e um candidato populista inovador, Jânio Quadros.
Jânio obteve o apoio da UDN (União Democrática Nacional) e alcançou êxito com um discurso de moralização. Ao final do governo de JK, o país enfrentava sérios problemas advindos da chamada política desenvolvimentista. A inflação atingia 25% ao ano e a dívida externa era exorbitante.
Com o slogan “varre, varre, vassourinha, varre varre a bandalheira”, Jânio empolgou a população, prometendo acabar com a corrupção, equilibrar as finanças públicas e diminuir a inflação. Para ganhar ainda mais simpatia dos eleitores, o candidato costumava andar com roupas amassadas e carregar sanduíche de mortadela nos bolsos.
Jânio Quadros venceu com mais de 6 milhões de votos. Entretanto, o vice-presidente eleito foi João Goulart. A Constituição de 1946 previa a votação para Presidente e vice, separadamente. Vale lembrar, que os dois candidatos representavam partidos e idéias diferentes.
Jânio foi o primeiro Presidente da República a tomar posse na nova capital do país, Brasília, e de lá governaria o país. Era a primeira vez, também, que um candidato apoiado pela UDN alcançava o cargo.
Seu governo foi muito contraditório. A começar pelos seus apoios políticos, que representavam a elite do país, ou seja, aquela classe social que sempre foi alvo das críticas de Jânio. Na política internacional, dizia combater o comunismo, mas chegou a condecorar um dos líderes da Revolução Socialista Cubana, Ernesto “Che” Guevara, com a Medalha Cruzeiro do Sul, em agosto de 1961.
Na área econômica, Jânio foi conservador, adotando à risca as medidas do FMI (Fundo Monetário Internacional). Congelou salários, restringiu créditos e desvalorizou a moeda nacional, o Cruzeiro, em 100%. Porém, nenhuma destas medidas foi suficiente para acabar com a inflação alta.
O que ocorreu foi um descontentamento da população, iludida com os discursos inflamados do candidato e, posteriormente, decepcionada com o novo Presidente, que chegou a proibir o uso de biquínis nas praias. Os apoios políticos a Jânio também se desfizeram, inclusive da UDN e de seu maior representante, o jornalista Carlos Lacerda.
No dia 24 de agosto de 1961, Carlos Lacerda foi à televisão denunciar um possível golpe que estaria sendo articulado pelo Presidente Jânio Quadros. No outro dia, o Brasil se surpreendeu com o pedido de renúncia de Jânio. Ele afirmava em carta ao Congresso que “forças terríveis” o haviam levado a tomar aquele gesto.
Porém, acredita-se que Jânio imaginou um “espetáculo de renúncia”, o qual mobilizaria a população em seu favor e ele voltaria ao poder muito mais fortalecido. Mas isto não aconteceu. O Congresso de pronto aceitou sua saída do cargo. Assumiu interinamente a direção do país o Presidente da Câmara, Ranieri Mazilli, até a volta do vice João Goulart, que fazia uma visita oficial à China.
João Belchior Marques Goulart, ou simplesmente Jango, como era conhecido, governou o país de setembro de 1961 a março de 1964. Nasceu em São Borja, no Rio Grande do Sul. Entrou para a política com o apoio de seu conterrâneo e amigo particular, Getúlio Vargas.
Seu primeiro cargo público foi como Deputado Federal, em 1950. Logo depois foi Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio no segundo governo de Vargas. Como Ministro, ele concedeu muitos benefícios aos trabalhadores, inclusive aumentou o salário mínimo em 100%, fato que provocou sua renúncia, pois desagradou a muitos empresários.
Jango venceu duas eleições como Vice-presidente da República, sempre pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). A primeira vitória foi como segundo de Juscelino Kubitschek, em 1955. Após cinco anos, foi eleito vice de Jânio Quadros.

Parlamentarismo
Com a renúncia do Presidente Jânio Quadros, em agosto de 1961, João Goulart deveria assumir o governo. Mas partidos da oposição, como a UDN (União Democrática Nacional) e os militares tentaram impedir a sua posse. Nesta ocasião, Jango, que era tido como simpatizante do comunismo, estava em visita oficial à China (país comunista).
O Governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, cunhado de Jango, encabeçou a chamada Campanha da Legalidade, a fim de garantir o direito previsto na Constituição de 1946 de que na falta do Presidente, assume o candidato eleito a vice.
Brizola foi às rádios conclamando a população para que se manifestasse a favor de Jango. Ele conseguiu o apoio do Comando Militar do Rio Grande do Sul e também de líderes sindicais, de movimentos estudantis e de intelectuais.
A solução encontrada pelo Congresso Nacional foi instaurar o sistema Parlamentarista, no qual o poder do Presidente fica limitado. Ele indica, mas pouco interfere nas ações dos Ministros. No dia 07 de setembro de 1961 Jango tomou posse. O Primeiro Ministro indicado foi Tancredo Neves, do PSD (Partido Social Democrata) mineiro.
Em janeiro de 1963 houve um plebiscito (consulta popular), para que se decide sim ou não pela continuidade do Parlamentarismo. Com 82% dos votos, o povo optou pelo fim deste sistema de governo e pela volta do Presidencialismo.
Plano econômico
Jango adotou uma política econômica conservadora. Procurou diminuir a participação de empresas estrangeiras em setores estratégicos da economia, instituiu um limite para a remessa de lucros das empresas internacionais e seguiu as orientações do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Contudo, o Presidente sempre foi maleável com relação às reivindicações sociais. Em Julho de 1962, os trabalhadores organizaram o CGG (Comando Geral de Greve), convocando uma greve geral. Conquistaram com este movimento um antigo sonho dos funcionários: o 13º salário.
Com o fim do Parlamentarismo, restavam ainda três anos de mandato para João Goulart. Elaborado pelo economista Celso Furtado, o Presidente lançou o Plano Trienal, que previa geração de emprego, diminuição da inflação, entre outras medidas para pôr fim à crise econômica. Porém, o plano não atingiu os resultados esperados.
Reformas de base
Jango acreditava que só através das chamadas reformas de base é que a economia voltaria a crescer e diminuiria as desigualdades sociais. Estas medidas incluíam as reformas agrária, tributária, administrativa, bancária e educacional.
Em um grande comício organizado na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, Jango anunciou a mais de 300 mil pessoas que daria início as reformas e livraria o país do caos em que estava vivendo.
Este comício, entretanto, foi mais um motivo para que a oposição o acusasse de comunista. A partir daí houve uma mobilização social anti Jango.
O Golpe Militar
A classe média assustada deu apoio aos militares. Alguns dias depois do comício, foi organizada a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, com o objetivo de dar apoio aos golpistas.
No dia 31 de março de 1964, os militares se reuniram e tomaram o poder, com apoio dos Estados Unidos.
Jango não resistiu. Deixou o governo e se refugiou no Rio Grande do Sul. De lá, foi para o exílio no Uruguai e na Argentina, onde morreu aos 57 anos, vítima de um infarto.
As raízes do golpe de 1964 são muito profundas, são de cunho ideológico e estão arraigadas no país desde o final do século XIX. Segundo historiadores, o golpe militar começou a ocorrer em 1954 (ou até mesmo antes) quando a situação de Vargas estava insustentável devido aos escândalos sucessivos que ocorriam durante seu governo de cunho autoritário, além de grande instabilidade que atingiu o Brasil política e economicamente.
Em 1955, ainda segundo uma corrente de historiadores brasileiros, as mesmas forças tentaram impedir as eleições através de um novo golpe, pois sabiam que haveria a sua derrota.
A tentativa, porém, foi impedida pela ação do marechal Henrique Batista Duffles Teixeira Lott, que garantiu as eleições e a posterior posse de Juscelino Kubitschek que continuou a desenvolver a indústria brasileira tentando modernizar o parque industrial, com a conhecida política dos cinquenta anos em cinco.
No entanto, em 1961, com a renúncia de Jânio Quadros, numa tentativa infrutífera do que supostamente pretendia ser um auto-golpe, subiria ao poder o vice-presidente João Goulart, o que de certa forma gerou descontentamento entre segmentos contrários ao populismo de Vargas.
Goulart, sucessor político de Getúlio Vargas e cunhado de Leonel Brizola, defendia a realização de reformas de base no Brasil, incluindo a reforma agrária. Ele estava na China quando recebeu a notícia da renúncia de Quadros e era informado também da tentativa de militares contrários a Jango (como era conhecido Goulart) impedirem sua posse. Ranieri Mazilli era o presidente em exercício.
A renúncia de Jânio, cujos reais motivos não foram devidamente esclarecidos pelo ex-presidente (que morreu apenas transmitindo ao neto uma visão "romântica" do ato, pensando em voltar pelos braços do povo), parece ter sido motivada por um discurso lançado por Carlos Lacerda, governador da Guanabara. Preocupado com os acenos de Quadros aos países socialistas - na política externa Quadros queria inverter o seu perfil conservador - , Lacerda, que apoiou a eleição de Quadros, tentou falar com ele em Brasília e, no encontro, o jornalista-governador foi mal recebido pelo então presidente. Irritado, Lacerda anunciou em pronunciamento na TV que Jânio queria dar um golpe, renunciando para depois retornar com poderes fortalecidos. O discurso de Lacerda desnorteou politicamente o governo Jânio Quadros, que já tinha se mostrado, desde o começo, ambíguo e instável.
Novamente os mesmos setores que, segundo alguns, tramaram o golpe de 1954 tentaram impedir Goulart de tomar posse. Os antigos coronéis que lançaram um memorial condenando a atuação de Jango como Ministro do Trabalho (os oficiais se irritaram com o aumento salarial decretado pelo ministro), generais naquele ano de 1961, queriam impedir a posse do vice de Jânio, considerado substituto constitucional do renunciante.
Uma campanha radiofônica articulada pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, denominada "Cadeia da Legalidade", fez crescer o apoio popular para a posse de Jango, na chamada Campanha da Legalidade. Alguns parlamentares de tendência liberal, entre eles Raul Pilla, tradicional defensor do parlamentarismo no Brasil, deram a solução para garantir a posse de Jango: ele seria presidente, mas não governava. O governo estaria nas mãos do Presidente do Conselho de Ministros.
Jango pôde assim exercer a função de chefe de estado, mas o governo esteve nas mãos de três Primeiros-Ministros: o político mineiro Tancredo Neves (que ironicamente não conseguiu se empossar presidente na redemocratização brasileira), o jurista gaúcho Francisco de Paula Brochado da Rocha e o jurista baiano Hermes Lima.
Em 1962, forças políticas descontentes com o parlamentarismo, pressionam no sentido de ser realizado um plebiscito para a escolha da forma de governo, parlamentarismo, ou presidencialismo.
Esse plebiscito estava previsto para 1965, ano das eleições presidenciais (que já tinham candidatos anunciados desde 1960: JK e Lacerda). Mas o descontentamento do povo e das classes dirigentes fez apressar a realização do plebiscito para 1962, influenciando uma campanha em que a opção mais defendida era o não ao parlamentarismo, apoiada tanto por progressistas quanto por esquerdistas e alguns conservadores.
Dessa forma, os eleitores escolheram o presidencialismo. Goulart começou a governar, tentando conciliar os seus interesse ideológicos mais à esquerda com os interesses dos conservadores, mais à direita.
Devida perda de tempo, resultando na demora em implantar as reformas de base, os grupos de esquerda, inclusive dentro do próprio PTB começaram a se afastar do governo e atuar em protestos reivindicativos. Jango chega a ter sérias discussões até com o cunhado Leonel Brizola, irritado em ver o presidente impotente em pôr em prática as prometidas reformas.
Iniciou assim uma aceleração da inflação que começa a escalar, as medidas econômicas do governo foram duramente atacadas pelos grupos mais à esquerda, pois viam nestas a continuação de uma política que eles mesmos combatiam.
A esquerda, então, iniciou os movimentos de greves, comandadas pela CGT, o que repercutia mal nos setores patronais.
No Brasil era o período de eleições estaduais, Kennedy, presidente norte-americano, ingerindo diretamente na política interna brasileira, ordenou o financiamento das campanhas dos governos estaduais em candidatos contrários a Jango. Os fundos provenientes de fontes estrangeiras foram utilizados na campanha de oito candidatos aos governos dos 11 estados onde houve eleições, em apoio a 15 candidatos ao Senado, a 250 candidatos à Câmara e a mais de quinhentos candidatos às Assembléias Legislativas, com a finalidade de desestabilizar o governo brasileiro.
Observa-se que desde o inicio da década de 60, a crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros em 1961, bem como a subida a presidência do seu vice João Goulart, que assumiu a presidência num clima político adverso. O governo de João Goulart (1961-1964) foi caracterizado pela abertura às organizações sociais. Estudantes, organizações populares e trabalhadores ganharam o seu espaço, causando a preocupação das classes conservadoras com: os empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média. Todos temiam uma virada política do Brasil para o lado socialista. Vale ressaltar, que neste período, o mundo vivia o auge da Guerra Fria.
No plano econômico na década de 60 houve um remanejamento a nível internacional. As corporações internacionais levaram suas fábricas para os países periféricos o que resultou em maior interdependência na esfera produtiva internacional e a conseqüente modificação nas formas de dependência a que estava condicionada o desenvolvimento do capitalismo nos países periféricos.
Essa transformação ocorrida no ambito econômico internacional e a nova ordem política social estabelecida pelo novo ciclo de autoritarismo que inicialmente teve seu advento em março de 1964, com o golpe militar, influenciaram de sobremaneira na organização social brasileira e nesse novo contexto ganharam importância os grupos que aqui expressavam o capitalismo internacional.
Por conseguinte, juntamente com o golpe assumiram posições privilegiadas no poder, determinados setores das forças armadas e da tecnocracia que pela afinidade de idéias com esses novos rumos da política econômica tiveram um importante papel na repressão política e social da sociedade. Simultaneamente, ao mesmo tempo em que ocorreu a respectiva ascensão desses novos grupos ao poder (Militares), setores da classe média burocrática tradicional, políticos que sustentavam o antigo regime e líderes sindicais perderam sua importância na nova cena política.

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2 - A CRISE DE 1929

A GRANDE DEPRESSÃO, também chamada por vezes de Crise de 1929, foi uma grande depressão econômica que teve início em 1929, e que persistiu ao longo da década de 1930, terminando apenas com a Segunda Guerra Mundial. A Grande Depressão é considerada o pior e o mais longo período de recessão econômica do século XX. Este período de depressão econômica causou altas taxas de desemprego, quedas drásticas do produto interno bruto de diversos países, bem como quedas drásticas na produção industrial, preços de ações, e em praticamente todo medidor de atividade econômica, em diversos países no mundo.
O dia 24 de outubro de 1929 é considerado popularmente o início da Grande Depressão, mas a produção industrial americana já havia começado a cair a partir de julho do mesmo ano, causando um período de leve recessão econômica que se estendeu até 24 de outubro, quando valores de ações na bolsa de valores de Nova Iorque, a New York Stock Exchange, caíram drasticamente, desencadeando a Quinta-Feira Negra. Assim, milhares de acionistas perderam, literalmente da noite para o dia, grandes somas em dinheiro. Muitos perderam tudo o que tinham. Essa quebra na bolsa de valores de Nova Iorque piorou drasticamente os efeitos da recessão já existente, causando grande inflação e queda nas taxas de venda de produtos, que por sua vez obrigaram o fechamento de inúmeras empresas comerciais e industriais, elevando assim drasticamente as taxas de desemprego. O colapso continuou na Segunda-feira negra (o dia 28 de outubro) e Terça-feira negra (o dia 29). Os efeitos da Grande Depressão foram sentidos no mundo inteiro. Estes efeitos, bem como sua intensidade, variaram de país a país. Outros países, além dos Estados Unidos, que foram duramente atingidos pela Grande Depressão foram a Alemanha, Holanda, Austrália, França, Itália, o Reino Unido e, especialmente, o Canadá. Porém, em certos países pouco industrializados naquela época, como a Argentina e o Brasil (que não conseguiu vender o café que tinha para outros países), a Grande Depressão acelerou o processo de industrialização. Praticamente não houve nenhum abalo na União Soviética, que tratando-se de uma economia socialista, estava econômica e politicamente fechada para o mundo capitalista. Os efeitos negativos da Grande Depressão atingiram seu ápice nos Estados Unidos em 1933. Neste ano, o Presidente americano Franklin Delano Roosevelt aprovou uma série de medidas conhecidas como New Deal.
Essas políticas econômicas, adotadas quase simultaneamente por Roosevelt nos Estados Unidos e por Hjalmar Schacht na Alemanha foram, três anos mais tarde, racionalizadas por Keynes em sua obra clássica. O New Deal, juntamente com programas de ajuda social realizados por todos os estados americanos, ajudou a minimizar os efeitos da Depressão a partir de 1933. A maioria dos países atingidos pela Grande Depressão passaram a recuperar-se economicamente a partir de então. Em alguns países, a Grande Depressão foi um dos fatores primários que ajudaram a ascensão de regimes de extrema-direita, como os nazistas comandados por Adolf Hitler na Alemanha. O início da Segunda Guerra Mundial terminou com qualquer efeito remanescente da Grande Depressão nos principais países atingidos.

Causas da Grande Depressão - Com o fim da Primeira Guerra Mundial, os países europeus encontravam-se devastados, com a economia enfraquecida e com forte retração de consumo, que abalou a economia mundial.
Os Estados Unidos por sua vez, lucraram com a exportação de alimentos e produtos industrializados aos países aliados no período pós-guerra. Como resultado disso, entre 1918 e 1928 a produção norte-americana cresceu de forma estupenda. A prosperidade econômica gerou o chamado "american way of life" (modo de vida americano). Havia emprego, os preços caíam, a agricultura produzia muito e o consumo era incentivado pela expansão do crédito e pelo parcelamento do pagamento de mercadorias. Porém, a economia europeia posteriormente se restabeleceu e passou a importar cada vez menos dos Estados Unidos. Com a retração do consumo na Europa, as indústrias norte-americanas não tinham mais para quem vender. Havia mais mercadorias que consumidores, ou seja, a oferta era maior que a demanda; consequentemente os preços caíram, a produção diminuiu e logo o desemprego aumentou. A queda dos lucros, a retração geral da produção industrial e a paralisação do comércio resultou na queda das ações da bolsa de valores e mais tarde na quebra da bolsa.
Portanto, a crise de 1929 foi uma crise de superprodução. Durante décadas, essa foi a teoria mais aceita para a causa da Grande Depressão, porém, em contrapartida, economistas, historiadores e cientistas políticos tem criado diversas outras teorias para a causa, ou causas, da Grande Depressão, com surpreendente pouco consenso, permanece como um dos eventos mais estudados da história da economia mundial.
Teorias primárias incluem a quebra da bolsa de valores de 1929, a decisão de Winston Churchill em fazer com que o Reino Unido passasse a usar novamente o padrão-ouro em 1925, que causou massiva deflação ao longo do Império Britânico, o colapso do comércio internacional, a aprovação do Ato da Tarifa Smoot-Hawley, que aumentou os impostos de cerca de 20 mil produtos no país, a política da Reserva Federal dos Estados Unidos da América, e outras influências.
Segundo teorias baseadas na economia capitalista concentram-se no relacionamento entre produção, consumo e crédito, estudado pela macroeconomia, e em incentivos e decisões pessoais, estudado pela microeconomia. Estas teorias são feitas para ordenar a sequência dos eventos que causaram eventualmente a implosão do sistema monetário do mundo industrializado e suas relações de comércio.
Outras teorias heterodoxas sobre a Grande Depressão foram criadas, e gradualmente estas teorias passaram a ganhar credibilidade. Estas teorias incluem a teoria da atividade de longo ciclo e que a Grande Depressão foi um período na intersecção da crista de diversos longos e concorrentes ciclos. Mais recentemente, uma das teorias mais aceitas entre economistas é que a Grande Depressão não foi causada primariamente pela quebra das bolsas de valores de 1929, alegando que diversos sinais na economia americana, nos meses, e mesmo anos, que precederam à Grande Depressão, já indicavam que esta Depressão já estava a caminho nos Estados Unidos e na Europa.
Atualmente, a teoria mais em voga entre os economistas é de Peter Temin. Segundo Temin, a Grande Depressão foi causada por política monetária catastroficamente mal planejada pela Reserva Monetária dos Estados Unidos da América, nos anos que precederam a Grande Depressão. A política de reduzir as reservas monetárias foi uma tentativa de reduzir uma suposta inflação, o que de fato somente agravou o principal problema na economia americana à época, que não era a inflação e sim a deflação.
Um outro aspecto que vem sendo apontado como uma das possíveis causas da Grande Depressão nos anos 1930 é o da superprodução, causada pelos grandes ganhos de produtividade industrial, obtidos com os benefícios tecnológicos do taylorismo.
Tanto Ford quanto Keynes já vinham há tempos alertando, sem serem ouvidos, que "a aceleração dos ganhos de produtividade provocada pela revolução taylorista levaria a uma gigantesca crise de superprodução se não fosse encontrada uma contrapartida em uma revolução paralela do lado da demanda", que permitisse a redistribuição dos ganhos de produtividade causados pelo taylorismo, de forma que houvesse redistribuição dessa nova renda gerada, para dirigí-la ao consumo. Para os que defendem esta tese a Grande Depressão dos anos 1930 foi causada por uma gigantesca crise de superprodução, naquilo que teria sido uma trágica confirmação daquelas previsões.
Após o fim da Grande Depressão, muitos dos países mais severamente atingidos passaram a fornecer maior assistência social e econômica aos necessitados. Por exemplo, o New Deal dava ao governo americano maior poder para fornecer esta ajuda para estes necessitados e também para aposentados.
A Grande Depressão gerou grandes mudanças na política econômica em vários dos países envolvidos. Anteriormente à Grande Depressão, por exemplo, o governo dos Estados Unidos da América pouco intervinha na economia do país. Executivos financeiros e grandes magnatas comerciantes eram vistos como líderes nacionais.
A Grande Depressão, porém, mudou as atitudes de diversas pessoas em relação ao comércio.
Muitos passaram a favorecer maior controle da economia do país por parte do governo. Outros grupos, mais extremistas, favoreciam a instalação de um regime comunista, nazista ou fascista de governo, como solução para a crise, ou seja, governos fortes e autoritários como o foram o de Getúlio Vargas no Brasil e Salazar em Portugal, os governos de forma geral procuravam corrigir as distorções do capitalismo, alinhavadas em suas obras, por Karl Marx, e solucionadas matematicamente ou econometricamente, em suas obras, por Keynes (com políticas de intervenção na economia, tratando-a como um todo matricial - sistêmico, sujeita a correções constantes, dentro de necessárias políticas de desenvolvimento integrado).

O New Deal - (cuja tradução literal em português seria "novo acordo" ou "novo trato") foi o nome dado à série de programas implementados nos Estados Unidos entre 1933 e 1937, sob o governo do Presidente Franklin Delano Roosevelt, com o objetivo de recuperar e reformar a economia norte-americana, e assistir aos prejudicados pela Grande Depressão.
O nome dessa série de programas foi inspirado no Square Deal, nome dado pelo anterior Presidente Theodore Roosevelt à sua política econômica.
o investimento maciço em obras públicas:o governo investiu 4 bilhões de dólares na construção de usinas hidrelétricas, barragens, pontes, hospitais, escolas, aeroporto etc.Tais obras geraram milhões de novos empregos; a destruiçao dos estoques de gêneros agícolas, como algodão, trigo e milho, a fim de conter a queda de seus preços; o controle sobre os preços e a produçao, para evitar a superprodução na agricultura e na indústria; a diminuição da jornada de trabalho, com o objetivo de abrir novos postos. Além disso, fixou-se o salário mínimo, criaram-se o seguro-desempreo e o seguro-velhice(para os maiores de 65 anos).
Para se entender corretamente o New Deal é importante ter em mente que na década de 1930 os Estados Unidos atravessaram um período em que um grande número de norteamericanos viveram na absoluta pobreza, desesperadamente necessitando mais alimentos, roupas e abrigos.
Paradoxalmente, os recursos produtivos (fazendas, fábricas, máquinas, mão de obra) que poderiam prover estes alimentos, roupas e abrigos estavam paralisados,; não produziam nada.
Como resultado do New Deal foram criadas nos Estados Unidos dezenas de agências federais (equivalentes às autarquias, no direito administrativo brasileiro), as quais receberam o apelido irônico de alphabet agencies (agências alfabéticas), devido à profusão das siglas com que eram designadas: CCC (Civilian Conservation Corps), TVA (Tennessee Valley Authority), AAA (Agricultural Adjustment Administration), PWA (Public Works Administration), FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation), SEC (Securities and Exchange Commission), CWA (Civil Works Administration), SSB (Social Security Board), WPA (Works Progress Administration), NLRB (National Labor Relations Board).
Embora não fosse propriamente um projeto coerente de reformas políticas, econômicas e sociais, as políticas implementadas por Franklin D. Roosevelt em resposta à Grande Depressão lançaram as bases do estado keynesiano e do poder sindical nos Estados Unidos.
O New Deal pode ser dividido em quatro dimensões: a relativa a reformas econômicas e à regulação de setores da economia, a que se ocupou das medidas emergenciais, a que diz respeito a transformações culturais, e uma nova pactuação política entre o Estado e atores sociais o que formou a chamada coalizão do New Deal.
Em seus primeiros 100 dias, o New Deal implementou reformas setoriais na economia americana para criar as condições para a formação de poupança interna e recuperar a rentabilidade dos investimentos.
Foram implementadas medidas para sanear o sistema financeiro, com o Emergency Banking Act, para regular a produção agrícola, com o Agricultural Adjustment Act (AAA), e para evitar a perda da hipoteca das casas próprias, com o Home Owners’ Refinancing Act.
O New Deal teve grande influência na política econômica e social adotada no Brasil pelo Presidente Getúlio Vargas, que admirava Franklin D. Roosevelt, e vice versa: “Despeço-me esta noite com grande tristeza. Há algo, no entanto, que devo sempre lembrar. Duas pessoas inventaram o New Deal: o Presidente do Brasil e o Presidente dos Estados Unidos. —Franklin Delano Roosevelt, 27 de novembro de 1936.”
Tanto Ford quanto Keynes já haviam previsto que "a aceleração dos ganhos de produtividade provocada pela revolução taylorista levaria a uma gigantesca crise de superprodução se não fosse encontrada uma contrapartida em uma revolução paralela do lado da demanda", que permitisse a redistribuição da renda para aumentar o consumo.
A Grande Depressão dos anos 1930 tornou-se uma gigantesca crise de superprodução, numa trágica confirmação daquelas previsões.
"Com o New Deal, portanto, iniciou-se a tensa construção do pacto entre Estado, trabalho organizado e capital, ou regulação fordista keynesiana do capitalismo que, no pós-guerra, fundamentaria o peculiar Estado de Bem-Estar americano e o longo período de prosperidade que se estenderia até fins dos anos 1960.".
"A regulação fordista keynesiana baseava-se em um pacto segundo o qual o Estado assumia papéis keynesianos, de forma a tornar-se um demandador da indústria privada e um fornecedor de salários indiretos, com o objetivo de universalizar o consumo; o capital repassava ganhos de produtividade do trabalho aos salários (relação salarial fordista), buscando assim assegurar a estabilidade do sistema e, por fim, os sindicatos aceitavam a ordem capitalista, em troca de sua incorporação ao mundo do consumo".
Essas políticas econômicas, ate então inusitadas, foram adotadas quase simultaneamente por Franklin D. Roosevelt nos Estados Unidos e por Hjalmar Schacht na Alemanha e foram - cerca três anos mais tarde - racionalizadas por Keynes em sua obra clássica Teoria geral do emprego, do juro e da moeda. que solucionou matematicamente ou econometricamente, em suas obras, a teoria das políticas de intervenção na economia, tratando-a como um todo matricial - sistêmico, sujeita a correções constantes, dentro de necessárias políticas de desenvolvimento integrado.

ATIVIDADES
QUESTÃO 01 - Leia o texto - A Bolsa de Valores de Nova York sofreu a maior crise de sua história, causando a ruína de muitos investidores americanos, que ganhavam fortunas da noite para o dia. Em apenas um dia, US$15 bilhões de dólares em ações desapareceram como fumaça. Após a guerra, a Bolsa de Valores começou a dar lucros fáceis e rápidos, atraindo trabalhadores comuns e investidores... Jornal do Brasil, 19 nov.2000. Jornal do Século, 1929.
A crise descrita nesse texto só NÃO pode ser associada
a) ao desequilíbrio entre o crescimento da produção e a contração do mercado consumidor.
b) à escassez de produtos no mercado, provocando a elevação dos preços e das ações.
c) à retração do mercado externo, conseqüência da reorganização da economia de pós guerra.
d) ao desequilíbrio da oferta de mão-de-obra, resultante da modernização tecnológica .

QUESTÃO 02 - A expressão americana american way of life está ligada:
a) ao avanço capitalista norte-americano no início do século XX
b) à expansão territorial dos estados unidos no final do século XIX
c) ao interesse inglês de fazer sua língua a predominante no planeta
d) à proposição de que os norte-americanos ditavam as regras no mercado de consumo

QUESTÃO 03 - A política adotada por Roosevelt em 1932 denominada de New Deal pode ser entendida como contraditória dentro do Liberalismo porque
a) propunha a intervenção estatal na economia
c) estabelecia a continuidade da produção industrial
b) previa um avanço econômico nos anos seguintes
d) implementava uma forma original de liberalizar a economia

QUESTÃO 04 - Leia o texto e responda - “As ruínas são ainda visíveis, e são terrificantes. Logo no porto de Nova Iorque o viajante fica surpreendido, chocado pela calma trágica dum lugar que conheceu o mais ativo do mundo... Há neste momento nos Estados Unidos cerca de 14 milhões de desempregados, e, como muitos deles têm famílias, 20 a 30 milhões de homens e mulheres vivem de esmolas, privadas ou públicas... O espetáculo de uma grande nação de que um quarto se encontra reduzido à impotência produz emoções bem mais fortes do que uma estatística a preto e branco. Desde que põe pé neste país, o estrangeiro compreende de repente que em nenhum momento a Europa imaginou a dolorosa intensidade da depressão dos Estados Unidos.” MAUROIS, André. Estaleiros Americanos.
De acordo com o texto o que assombra o europeu em visita a Nova Iorque?

QUESTÃO 05 - A crise capitalista de 1929 foi, de fato, uma crise de superprodução. Justifique a afirmativa.

O texto abaixo deve servir como referência para responder às questões 06 e 07 - “Os turbulentos jovens nazistas da Alemanha são os guardiães da Europa contra o perigo comunista(...). A Alemanha precisa de campo livre de ação(...). O escoamento das reservas de energia da Alemanha na Rússia poderia ajudar o povo russo a restaurar uma existência civilizada, e talvez inverter a tendência do comércio mundial, em favor da prosperidade. Pelo mesmo processo, a necessidade de expansão da Alemanha seria satisfeita, e essa crescente ameaça que escurece o horizonte seria removida para sempre”. Rotheimer, no Daily Mail, de 28 de novembro de 1933.

QUESTÃO 06 - Qual o papel da Alemanha?

QUESTÃO 07 - De acordo com a imprensa capitalista de onde vinha a grande ameaça?

Leia o texto e responda as questões 08 e 09 - Os cafeicultores foram os mais afetados do Brasil, com a quebra da bolsa de Nova York (...) Com o caos da Bolsa e mais uma safra recorde de café em estoque, o preço do produto despencou no mercado internacional. “tem-se a impressão de um terremoto ou de um furacão pela enormidade dos prejuízos,” comentou o jornalista Barbosa Lima sobrinho. Jornal do Brasil, 19 nov. 2000, Jornal do Século, 1929.

QUESTÃO 08 - A crise dos EUA é a crise de quase todos os países do mundo. EXPLIQUE essa afirmativa.

QUESTÃO 09 - EXPLIQUE o comentário do jornalista Barbosa Lima Sobrinho, considerando a crise do café, no Brasil.